sábado, 28 de abril de 2012


A Branca Rapunzel

Era meu sonho, minha essência, minha imaginação, meus desejos, minhas satisfações, um pedaço de minha alma.
Sendo tudo tão puro e tão direto, tão realístico e fora do comum. Indo além da compreensão.
Eu havia me transformado num lar, sem perceber me tornei uma dona, uma criadora.
Tudo se transformava em contradição, sem querer me atormentava de um jeito bom.
Com começo e sem previsão para o fim. Não infinito e ao mesmo tempo destinado com fim.
Ele me trazia felicidade, uma felicidade que vinha de uma fonte irreal.
Seus olhos penetravam em minha alma, demolindo angústias e tristezas. Será que estava eu, perdendo o juízo?

Meus olhos se abriram para um lugar abstrato, tão perfeito e intocável. Como tanta beleza existira naquele lugar? Era ao mesmo tempo obscuro e claro.
Cabelos claros, fios de luz branca. Olhos de sonhos, azuis celestes. As vestes de um príncipe.
Um príncipe? Quem sabe?
- Oi. – um som macio.
- Oi
Perdida, visões irreais? Tanto carisma entocado em um só ser? Com ternura minha mão é apanhada.
- Vem?
Sorriso meigo.
Um sonho? Quem sabe?



Certo dia, por volta das 23:00h eu dormi.
Um garoto loiro de aparência alemã ficou de pé em um pulo só. Posicionou suas mãos para trás e veio em minha direção. Ele era incrivelmente doce, sua aparência era tranqüila, carinhosa e sedutora.
Ele se curvou e tirou sua cartola para me cumprimentar o que me fez perceber com mais clareza o brilho intenso que seu cabelo loiro carregava. Com seu gesto gentil ele me fez perceber que era um príncipe – um príncipe alemão – Depois ele recolocou a cartola.
 – Oi? Quem é você? – Perguntei tentando encontrar os olhos que sua franja desfiada escondia. Ele sorriu. Um sorriso convidativo e confiante. – Posso lhe perguntar isso também? – sua voz macia e masculina me fez sentir o contraste que tinha com a voz grave que eu tanto gostava de Vinícius. – E onde estou? – perguntei – Nos seus sonhos! – Ele respondeu e eu ergui uma sobrancelha – E como é o seu nome? – perguntei. Ele se aproximou mais, com a cabeça baixa. Um vento suave movimentou seu cabelo leve e liso. – Sonho – ele levantou a cabeça a me olhar. Foi quando eu consegui ver seus olhos brilhantes e azuis, parecia-se com o céu radiante durante o dia. – Co... Como assim Sonho? – gaguejei enquanto tentava me desprender de seu olhar. Ele novamente abriu o sorriso mais bonito que eu já vira – Sim... Eu sou seu Sonho – Ele se virou, olhou de lado para mim e disse – Sou seu Sonho – Não duvidei, ele só poderia ser um sonho por ser tão, tão bonito.
O Sonho puxou minha mão e correu, sua mão era branca e macia - aliás ele era branco, tinha um cor de pele branca e ao mesmo tempo corada, ganhava facilmente das propagandas de TV sobre produtos para pele – Vem! – ele exclamou. Tentei acompanhar seus passos rápidos. De repente ele pulou e eu não senti mais meus pés no chão. Ele me puxou para cima de suas costas como se eu fosse uma leve boneca – Segure-se – ele me pediu. Olhei para baixo e arregalei meus olhos ao ver a altura a cima da terra em que nós estávamos. Meus braços estavam ao redor de seu pescoço.  Arregalei meus olhos e o apertei. – Ai! – Ele gemeu e riu. – Não é para tanto! Assim você me sufoca! – Eu sorri – Me desculpe. – Sua simpatia me enchia de confiança.
– Quer dizer que seu nome é Sonho? – Perguntei olhando para as ilhas que avistava longe de nós – Bem... Você ainda não me deu nenhum nome não é verdade? – ele respondeu. – Eu posso lhe dar um nome? – eu perguntei olhando para sua cartola, que era a única coisa de sua cabeça que eu podia enxergar – É claro! – respondeu. – Bem... – Parei para pensar e logo me veio a cabeça um nome que o lembrava – Andrew... Você gosta de Andrew? – perguntei – Andrew é bonito! O que significa? – ele perguntou – Corajoso e viril - Ele segurou em minhas mãos – Gostei desse nome. Vamos descer aqui – ele estava aterrissando na terra como se fosse um pássaro.
Pousamos as margens de um riacho, ele tirou com elegância seu casaco vermelho cor de vinho e colocou em cima da grama – Sente-se – Ele pediu oferecendo seu casaco como assento. Ele então estava em uma camiseta branca, com os botões abertos até seu peito. Sentei-me, sobrou um espaço ao meu lado e em um pulo ele se sentou também. Andrew se sentou na maneira mais elegante e principesca. Eu sorri ao perceber seu jeito cavalheiro de agir. – Você é um príncipe? – perguntei – Não sei... – Ele pegou uma pedra – É você quem sabe – Ele arremessou a pedra no lago – Eu sou? – ele me encarou e me intimidou, desviei meus olhos dos seus. – Para mim é! – como eu poderia dizer que não? – Deve ser porque você é uma princesa... Não é? – Eu ri – Não, eu não sou. – respondi.
– O que fez hoje? – ele perguntou enquanto pegava outra pedra. Pela primeira vez naquele lugar eu percebi que não me lembrava do que havia feito durante o dia. Franzi o cenho. – Eu... Não me lembro... – respondi, tentando me lembrar de algo. – Deve ser porque hoje não aconteceu nada de importante para você. – Andrew concluiu.
Acordei com a luz do sol que batia em meu rosto. Apertei bem meus olhos e lembrei-me do sonho que tivera. Aquele sonho foi a melhor coisa que me acontecera naqueles últimos dias. E uma leve tristeza me bateu quando percebi que tudo não passara de um sonho, um lindo e aconchegante sonho.

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